domingo, 2 de julho de 2017

Entre violas e cartolas, o Brasil que se repete, por Fernando Horta

Entre violas e cartolas, o Brasil que se repete,

E não se pense que tudo isto aí é novo.

Enquanto hoje discutimos se brancos podem compor e cantar samba (que Noel Rosa não nos ouça), na década de 20, 30 e 40 o Brasil era sim dividido. Claramente, claramente dividido.

Quem usava cartola era cartola, quem tocava viola que usasse panamá.

O "malandro" (que era diferente do “mané”) era quem precisava da picardia para dobrar a lei e viver no seu limite. Fazendo isto, equiparava-se um pouco com quem tinha a lei sempre ao seu lado. O mané era aquele que nem tinha a lei por si (por sobrenome, cor ou posses), nem tinha a esperteza para viver com garbo à margem dela.

Uma sociedade dividida em cartolas, malandros e manés. Naquela época, a estética, a retórica e a geografia eram sinceras. Os três grupos tinham seus nichos próprios. Os encontros eram fortuitos, raros. O malandro e o mané se encontravam no lusco-fusco do final do dia quando um retornava da "labuta" e o outro ia para a "cantoria". Nos bondes, nas estações ou nos bares que se encontravam os brasis. O mané e o cartola também se viam pouco. Os cartolas nunca gostaram de se dar a conhecer. A geografia ajudava, colocando os brasis em distância urbana regulamentar.

O malandro e o cartola, estes viviam às turras. Existia o encontro moral mediado pelo samba e o físico mediado pela polícia. Enquanto o primeiro machucava os cartolas, o segundo os malandros. Ambos os encontros passaram para a posteridade, mas acho que o samba atingiu o mundo num grau de contemplação maior do que a violência da polícia atinge os brasis não cartolares, até hoje.

Sempre, portanto, se soube que a polícia era dos cartolas. Nunca foi segredo que os juízes também. Apenas que, naquele tempo, os sambas eram mais verdadeiros e as decisões judiciais menos cínicas. Até hoje, se estudam os sambas para conhecer a sociedade e os registros policiais e decisões jurídicas para se evidenciar as diferenciações sociais. A História não se engana e costuma não exigir algo de quem não pode dar.

O terrível dos tempos atuais é que o samba foi deslocado pelos chamados "ritmos comerciais". Perdeu-se o intérprete-mor da sociedade, cujos versos eram quase fotografias dos tempos. O patrulhamento dos cartolas é tão grande que quando surgem pensadores nestes novos ritmos, a denunciar a sociedade, são imediatamente perseguidos aos gritos de "manipulação ideológica". Como se algo no mundo não fosse ou pudesse não ser. Os cartolas acusam, a bem da verdade, a força do samba. Sabem que um gênio com uma viola faz sentir a realidade. Mesmo para aqueles que padecem de muita realidade, tanta que lhes amortece os sentidos.

Talvez aqui esteja o motivo do atual ataque à cultura, ao carnaval, à História. Todas formas epidérmicas de contar o mundo e os tempos. Todas com meios quase invisíveis de tocar as almas. Os cartolas nunca gostaram de violas ou livros. E isto diz muita coisa. Desde o poema musicado ou o pensamento prensado, todos falam de um mundo que é até um mundo que poderia ser. E nada mais perigoso para a realidade do que o sonho. Nada mais perigoso para uma cartola do que a descrição nua e crua do que ela é.

Também as estéticas se confundem. Ninguém mais usa cartola. Mas os cartolas se certificaram que muitos usassem gravatas. E hoje é difícil discernir as italianas feitas à mão das compradas na banca da praça. As cartolas guardavam uma sinceridade que os cartolas não. As gravatas são mais discretas, fugidias. O uso da gravata é como a invenção das S.A. (sociedades anônimas), não se sabe mais de onde vem o tapa da tal "mão invisível". Alguns manés (até por serem manés) ostentam orgulhosos as gravatas. Até lutam para usá-las. Queriam estar usando, na verdade, as cartolas. Mas isto jamais conseguirão. As violas se aprendem a tocar, as cartolas não. E sempre tem a caixinha de fósforo como remédio ao excesso de realidade e alguma falta de talento.

Bom que hoje temos juízes menos capazes do que outrora. Diminuiu a vontade de se parecer legal. A empolação das citações latinas ou o formalismo do "the rule of law" jogavam um papel importante. Do hermetismo. Inaudita altera partis, os juízes falavam para si. Havia, contudo, que colocar uma frase afirmativa que contivesse o que os cartolas queriam ouvir. "Pelo exposto, (que ninguém mais precisa entender) torno sem efeito decisão anterior contra o nobre senador". É tudo o que realmente se importa dizer. Se o é por um garantismo oportunista ou por um estrabismo político, pouco interessa.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

CARIMBA QUE É PLÁGIO: PREFEITURA DE PACOTI-CE PAGOU MAIS DE 5 MIL REAIS POR PLÁGIO DA MARCA DO DIOGO NOGUEIRA

CARIMBA QUE É PLÁGIO: PREFEITURA DE PACOTI-CE PAGOU MAIS DE 5 MIL REAIS POR PLÁGIO DA MARCA DO DIOGO NOGUEIRA

Conforme denunciado por Aldeni Marinho, no Facebook, com prints da marca do Diogo Nogueira, da marca atual da Gestão de Pacoti e do site de prestação de contas da própria Prefeitura Municipal de Pacoti, existe a comprovação de que houve serviço contratado pelo valor de R$5.827 (cinco mil oitocentos e vinte sete reais) para a criação de uma logomarca que plagiou a logomarca do cantor e Diogo Nogueira, que apresenta o programa "Samba na Gamboa" na TV Brasil.

A denúncia segue compartilhada na página " Últimas Notícias Pacoti" e por outros cidadãos de Pacoti preocupados com tamanha gastança e despreparo do atual prefeito, Kiko Sampaio (PV), que no decorrer de 2017 já começou sua gestão decretando estado de emergência, pela qual pagará uma multa ao usar o dinheiro para fazer o carnaval, já tentou demolir o Hospital Padre Quiliano, segundo denúncias de cidadãos, sob a desculpa de reformar, ação que foi impedida pelo Promotor de Justiça, o senhor João. O prefeito em questão também fechou a Biblioteca Municipal Franciné Batista e a escola Enéas Hortêncio, a respeito desta há uma e ainda pretende mudar o local do Festival de Quadrilhas de Pacoti, todos esses feitos nocivos vêm alertando inclusive pessoas que votaram no atual prefeito que até se voltaram contra ele por causa dessas e outras ações que só prejudicam a cidade de Pacoti.

E acima de tudo, pagar por um plágio, um valor exorbitante destes ainda, é inadmissível!

Ateu Poeta
Historiador e Presidente do Jornal Delfos-CE
03/05/2017


Fonte: 


segunda-feira, 20 de março de 2017

DESCULPA

DESCULPA
Por: Teta Barbosa

Pai e mãe, venho hoje pedir desculpas. Não pela minha adolescência pseudo-rebelde, nem por ter sido mãe solteira. Não peço perdão pelas tatuagens nem pelos palavrões, tão próprios da minha geração e da minha personalidade. Nem venho, arrependida, falar sobre maconha nem me justificar quanto a faculdade particular.

Venho hoje, não pelas minhas falhas pessoais de filha mais velha e primeira neta mimada, muito pelo contrário, venho em nome de uma geração inteira pedir perdão.

Nos anos 1980 estávamos tão ocupados com shows do Menudo e com o cubo mágico e não vimos quando vocês choraram a morte de Tancredo Neves. Talvez eles gostem muito do cara, devo ter pensado entre um diplick e uma fita cassete do Pink Floyd. Não tive tempo de perguntar o que significavam aquelas lágrimas. Entretidos com River Raid no Atari, não paramos para entender, como deveríamos, o “Diretas Já” nem porque estavam todos de verde e amarelo se nem era Copa do Mundo. Não prestamos a devida atenção quando vocês contaram as histórias de amigos desaparecidos durante a ditadura, estávamos ocupados demais usufruindo da nossa liberdade.

Portanto, pai e mãe, a Democracia nos foi entregue de bandeja, como uma fatia suculenta de bolo de rolo. A gente sabia que era bom para o país, mas não tinha ideia, entretidos com nossa infância, de como ela tinha sido feita. Ninguém parou de bater papo no Mirc para se perguntar como aquelas fatias de doce de goiaba haviam sido colocadas tão delicadamente entre as finas camadas de pão de ló. Se tivéssemos dado uma pausa no vídeo cassete, perceberíamos, entre as cenas de ação de De Volta para o Futuro, que permeando o pedaço daquele bolo haviam camadas e mais camadas de luta e sangue do povo brasileiro.

E assim, seguimos por 1990 e 2000 como se a liberdade fosse um presente que a gente ganha quando não é natal nem aniversário. Como se o respeito ao voto fosse parte da evolução da espécie de que Darwin tanto falou. Parecia tão fácil que a gente não aprendeu a cuidar da Democracia, pai. A deixamos largada, ignoramos sua importância, superestimamos sua força. Deixamos ela vagar, solitária, por becos escuros e úmidos. Não sabíamos, mãe, como ela era frágil e delicada. Achávamos que, assim como nós, a Democracia iria durar para sempre. Que, assim como as aventuras da Sessão da Tarde, ela teria um final feliz.

Agora, entalados, não pela bala soft da nossa infância, mas pelo assombroso fim anunciado de todos os direitos pelos quais vocês lutaram, nós pedimos perdão. Não soubemos cuidar da nossa herança. Não tínhamos como saber.


Perdão se o voto de vocês, expressão máxima deste regime político onde o povo exerce a soberania, vai perder a validade sem nenhum motivo plausível ou justo. Sei que foram votar carregando a bandeira de uma ideologia de igualdade entre as classes mas, pai e mãe, aprendi hoje o que vocês já sabiam desde os tempos do Golpe de 64: o poder engole a liberdade, a ganância engole o respeito, a mentira engole a imprensa e, o pior de tudo, o dinheiro engole o amor.

Pai, você aos 73 anos de idade, me disse hoje: “sou pessimista, está tudo perdido. Perdemos tudo pelo que lutamos uma vida inteira.” Te respondo com as palavras de José Saramago: “não somos pessimistas, o mundo é que está péssimo”. Obrigado por nos ensinar de que lado ficar nesta luta desigual entre formigas e lobos. Mas sabe de uma coisa? Ouvi dizer que quando as formigas se juntam, formam um exército capaz de derrubar uma alcateia inteira.

quinta-feira, 9 de março de 2017

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Resumo do texto “FAMÍLIA E ESCOLA: como essa parceria pode favorecer crianças com necessidades educativas especiais” de Cláudia Paranhos de Jean Portela & Célia Verônica Paranhos de Jesus Almeida.

Trabalho apresentado na pós-graduação em Gestão Escolar da Faculdade Kurius em 2016

Por: Aroldo Filho (Historiador, Pós-Graduado em Gestão Escolar, criador do Arquivo Público de Pacoti, da Associação SEMPRE e do Jornal Delfos-CE)

(Prof. avaliador: Dr. Dalton Walbruni)

A escola e a família ocupam um lugar imprescindível na formação da personalidade da criança, embora possuam características diferentes, mas são indissociáveis. 

A teoria sócio-histórico-cultural de Vygotsky serve de parâmetro para estudo de como a proximidade da escola com a família pode influenciar no processo de aprendizagem da criança com necessidades especiais.

A família é uma instituição socializadora, com relações afetivas e características próprias dentro de uma cultura com uma posição socioeconômica definida e tendo uma herança cultural que geram premissas para o desenvolvimento da personalidade do indivíduo e servindo inclusive de mediadora o indivíduo e a sociedade na qual se encontra.

Segundo Vygotsky, o indivíduo precisa de maturação orgânica e interações sociais para se entender como ser. O patrimônio cultural é, para a teoria sócio-histórico-cultural, um conjunto de valores e conhecimentos da humanidade que para ser alcançado precisa de uma mediação, principalmente por parte dos mais experientes, gerando conhecimento compartilhado que por sua vez gerará o conhecimento pessoal, a posteriori, quando o sujeito passa a se apropriar da cultura.

O aprendizado acontece como internalização, do interpsicológico (interação social) para o intrapsicológico ( dentro da cabeça do indivíduo, interagindo consigo mesmo) em processo de análise em que o sujeito passa a criar significados para as suas próprias ações a partir de instrumentos sociais a que ele tem acesso a serem compreendidos por meio de códigos compartilhados.

Vygotysky diferencia o desenvolvimento real do proximal ou potencial, o primeiro consiste em um conhecimento que ou habilidade que o sujeito já alcançou e o segundo o que ele poderá alcançar se tiver ajuda de alguém mais habilidoso ou mais sábio.

“[ As funções psicológicas que fazem parte do nível de desenvolvimento real da criança em determinado momento de sua vida são aquelas já bem estabelecidas naquele momento. São resultados de processos de desenvolvimentos já completados, já consolidados” ( Oliveira, 1998 , p. 59).

Quando a criança já consegue realizar uma tarefa nova com a orientação de uma pessoa mais experiente, chamamos o desenvolvimento proximal de zona de desenvolvimento proximal (ZDP).

“la distancia entre el nivel de desarrollo actual, según determinado por la solución independente de problemas y el nivel de desarrollo potencial, según determinado por médio de la solución de problemas bajo la orientación de um adulto o em colaboración com pares más.” (Vygotsky, 1978 apud Rodriguez, 1997, p. 56). 
Vygotsky está sempre voltada para o que virá futuramente em vez de focar apenas no presente, uma vez que a zona de desenvolvimento proximal definem as funções que estão em maturação.

A personalidade da criança será formada por um conjunto de influências, principalmente dos adultos onde a criança se apropria do patrimônio cultural acumulado da sociedade através de um processo de socialização e educação.

Vygotsky é otimista em relação às deficiências, e nos diz que tanto as crianças ditas “normais” quando as deficientes são envolvidas socioculturalmente da mesma maneira perante a formação da personalidade.

“La peculialidad positiva del niño com deficiências también se origina, en primer lugar, no porque en él desaparece unas o otras funciones observadas en um niño normal, sino porque esta desaparición de las funciones hace que surjan nuevas formaciones que representan, en um unidad, uma reacción de la personalidade ante la deficiência,la compensación em el processo de desarrollo.” (Vygotsky, 1989, p. 7).

Vygotsky considera a deficiência ao mesmo tempo como um fator de influência contraditória, visto que no sentido físico é uma limitação que prejudica a atividade orgânica, mas que serve de estímulo para desenvolver outras funções como para compensar o defeito que se têm.

“[...] si un niño ciego o sordo en el desarrollo lo mismo queun niño normal, entonces los niños con deficiencia lo alcanzan de un modo diferente, por outra via, con otros médios y para el pedagogo es muy importante conocer la peculiaridade de la via por cual él debe conducir al niño.” (idem)

Essa compensação seria uma busca pelo equilíbrio das funções psíquicas. Para Vygotsky, o educador além de enfrentar o problema das deficiências incluindo as suas consequências sociais. 

A família transmite ao indivíduo a herança cultural da própria família e da sociedade, sendo portanto um grupo primário onde o sujeito aprende papéis sociais para a construção de uma identidade social e pessoal e só depois com uma socialização secundária é que o sujeito fará ajustes à sua adaptação, sendo assim, a família tem, para Vygotsky, um lugar privilegiado; portanto, não se pode compreender as crianças com necessidades educativas especiais em sua totalidade sem o contexto familiar na qual está inserida, especialmente as crianças socioafetivamente mais retraídas.

Segundo dados do Saeb (1999), as crianças cujo os pais participam ativamente na sua educação o rendimento escolar obtém progressos maiores e quando os pais trocam informações com professores e diretores essas crianças aprendem mais e melhor.

A escola “[...] pela função que a sociedade lhe concede, pelos recursos que possui, pela preparação científica de seu pessoal, entre outros, está em condições de exercer uma influência muito poderosa, porém necessita de uma relação estreita com a família para que seja mais efetiva.” (Perrea, 1997, p. 10). 

Família e escola, portanto, devem trabalhar de mãos dadas, principalmente no caso de crianças com necessidades educativas especiais. A ação educativa sistematizada não deve negligenciar as necessidades sociais, econômicas e culturais e problemas concretos do educando, mas deve focar no princípio de que o estudante é um sujeito com realidade material e simbólica.

Para Santos (1999, p. 40), a família é “o primeiro berço educacional do ser humano”. A família tem obrigações sociais preestabelecidas e pode e deve se perceber como agente ativo do processo educacional do estudante, como elemento educacional estratégico que não substitui a escola, mas a complementa.

“Os Ministérios da Educação e as escolas não devem ser os únicos a perseguir o objetivo de dispensar o ensino a crianças com necessidades educacionais especiais. Isso exige também a cooperação das famílias e a mobilização da comunidade [...]” (Declaração de Salamanca, 1994, artigo 58)

“As autoridades responsáveis pela educação aos níveis nacional, estadual e municipal têm a obrigação prioritária de proporcionar educação básica para todos. Não se pode, todavia, esperar que elas supram a totalidade dos requisitos humanos, financeiros e organizacionais necessários a esta tarefa. Novas e crescente articulações e alianças serão necessárias em todos os níveis [...]. É particularmente importante reconhecer o papel vital dos educadores e das famílias [...] Quando nos referimos a um enfoque abrangente e a um compromisso renovado, incluímos as alianças como parte fundamental.” (idem)

É preciso firmar compromisso com reciprocidade entre escola e a família e seus papéis devem ser aproximados e mais igualados em responsabilidade, principalmente no que tange à zona de desenvolvimento proximal.

“Deverão ser estreitadas as relações de cooperação e de apoio entre administradores das escolas, professores e pais, fazendo com que estes últimos participem na tomada de decisões em atividades educativas no lar e na escola [...] e na supervisão e no apoio da aprendizagem dos filhos.” (idem, artigo 61)

Para Santos (1999, p. 43), “as famílias precisam se aproximar da escola não apenas comparecendo a reuniões de pais ou participando de conselhos escola-comunidade através de representantes, mas é preciso que ela se inteire mais diretamente no processo educacional acadêmico dos seus filhos, ajudando-os a aprender [...]”

A escola precisa abrir as portas às famílias, mas sem assumir uma relação de hierarquia onde ele fosse um juiz cobrador e sim ajudando estas a se informar para crescer numa relação mais harmônica com a escola.

O MEC (Ministério da Educação e Cultura) lançou uma campanha de mobilização nacional a fim de mobilizar e conscientizar a sociedade para o valor da interação entre pais e escola. 

Uma pesquisa do IBGE em dezembro de 2000, com duas mil pessoas em todo o país revelou que os pais são conscientes da necessidade de interação com a escola.

É preciso acordar para essa realidade para que a educação realmente melhore no país. Mas, a realidade é que a escola se põe sim em um pedestal de superioridade e de cobrança em vez de buscar uma parceria harmônica, em parte porque também já é cobrada pelo sistema para gerar resultados e para ela é empurrado todo tipo de projeto, pelas Secretarias de Educação Municipais e pelos CREDEs, goela à baixo. 

Acima de tudo a escola em si também precisa de um maior amparo e o professor precisa de uma formação continuada além de assessoria de um profissional gabaritado nas deficiências, o que geralmente não se vê. 

Além do profissional da educação planejas as aulas ainda tem que imaginar maneiras novas de ensinar a estudantes com necessidades especiais que muitas vezes lhes são passadas informações quebradas; muitas vezes falam apenas “aluno tal tem laudo” sem explicar que laudo é esse.

Um problema maior ainda é o preconceito por parte dos próprios gestores das escolas que dizem que a lei impede de dar nota inferior à média e com isso proíbem professores de dar notas também acima da média, o que se vê claramente numa atitude completamente ilegal porque o estudante com deficiência não está inapto a evoluir e se evolui é justo que sua nota também suba, assim como subiria para uma criança dita “normal”.

Essa realidade, por exemplo, acontece na Escola Linha da Serra, de Guaramiranga-CE.

É preciso lembrar sempre dessa zona de desenvolvimento proximal, sabendo que você pode criar novos modos de fazer a criança aprender, mesmo a deficiente. Acontece muito também de os professores em vez de criar novos modos de ensinar simplesmente deixar os deficientes à parte sem nenhuma atividade ou uma atividade muitíssimo simples que nada tenha a ver com a disciplina abordada em sala de aula, sendo que muitas vezes a criança com deficiência é capaz de mais do que demonstra, mas como é acomodada pela maioria dos professores a não fazer nada passa a se acomodar e mesmo a se recusar a fazer qualquer atividade.

O professor que quer fazer a diferença, portanto, vai ter trabalho e deve ser humilde o suficiente para pedir ajuda dos demais educandos, sendo que está ajudando a estes também a compreenderem que estando em sociedade também de certa forma é dever de cada um ajudar uns aos outros, e isso deve ajudar inclusive na melhor socialização dentro da própria sala, o que se repetirá com certeza fora dela, com maior ou menor ênfase.

O problema não está em ter ou não o educando uma deficiência, ou vários com vários transtornos diferentes, mas à escola procurar entender, aos gestores em não ter preconceito, principalmente em se tratando de diretores e por ser espaço educacional, onde deveriam dar o exemplo, ser claros com os professores, mostrando inclusive cópia dos laudos para que o educador possa pesquisar a respeito e ao próprio educador cabe não se deixar acomodar e inventar.

Acima de tudo, inventar é preciso, sem inventar novos métodos, não necessariamente ficando refém da tecnologia, como a maioria segue a favor da corrente, mas até mesmo na linguagem, modo de abordar os temas, tentar despertar, encantar, aproximar-se, seguindo a linha de raciocínio de Vygotsky e alguns que com certeza se espelharam nele como Luckesi e Paulo Freire.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

COMO LIDERANÇAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ “REAGIRAM ÀS MANIFESTAÇÕES CEARENSE?

COMO LIDERANÇAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ “REAGIRAM ÀS MANIFESTAÇÕES CEARENSES?

Em 2009, surge um movimento contra a desassociação discriminatória praticada pela Igreja Testemunhas de Jeová. Ex-membros da aludida religião, passaram a alertar as pessoas do ostracismo social que poderiam sofrer caso ingressem naquela religião, e depois resolvam sair, o que provocou o Ministério Público a investigar lideranças locais, (pastores, chamados de anciãos).

Como a Torre de Vigia (Órgão controlador das congregações Testemunhas de Jeová) lida com um movimento que impacta e mobiliza uma sociedade? A partir de seus advogados, anciãos, servos ministeriais, enérgica e instantaneamente, passaram a rastrear nossos passos, filmar faixas, outdoors e ameaçaram processar integrantes do movimento por práticas de intolerância religiosa.

Apesar do número de participantes diminuir substancialmente, devida à opressão sofrida e crescente, intensificamos as atividades nas ruas e praças, chegando às portas do Tribunal de Justiça e Ministério Público.

A Torre de Vigia objetivamente pretendia calar a nossa voz para que o público não conhecesse os fatos concernentes à desassociação. Ademais, desestimulariam o delegado e a Promotoria de continuar investigando o caso. Contudo, o tiro saiu pela culatra: com base no Inquérito Policial o Promotor denunciou os investigados por práticas de crime de intolerância religiosa (Lei Federal 7.716, Artigo 14).

Para o desespero de lideranças religiosas locais e nacionais, a Procuradoria da República também aceita mais uma Representação de Sebastião Ramos, o que resultou em uma Ação Civil Pública, e, por sua vez, a Defensoria Pública ajuizou uma ação por danos morais.

Todas essas ações desencadearam matérias em jornais virtuais, impressos e nos meios de comunicação televisivos.

Ao passo que a desassociação é exposta à luz, uma Carta é enviada à Todas as Congregações da Grande Fortaleza (CE) e Região para alertar sobre o perigo das manifestações e exortar às Testemunhas de Jeová a não mexerem com os “apóstatas”.

Todos os adeptos e lideranças da Organização Testemunhas de Jeová são extremamente submissos à Torre de Vigia. Eles não dão um passo sem consultarem seus líderes. Entretanto, será que a perseguição que varria o território cearense estaria partindo por iniciativa própria de advogados, anciãos, servos ministeriais, enfim? Que possamos refletir!

Entretanto, é preciso que a intolerância religiosa seja denunciada além do mundo online, pois, se não estivessem acontecido mobilizações públicas, não seríamos uma referência no combate à intolerância religiosa. Não é por coincidência que o trabalho social da ABRAVIPRE já se tornou referência no Brasil e exemplo para o mundo.

Sebastião Ramos
A carta em si:

 A carta em pdf:
 https://www.facebook.com/groups/colunadiamante/1079010912208507/?pnref=story
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